segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Morro lentamente.


Morro lentamente a cada instante em que me recuso a viver sob regras redigidas e regidas por mim. A cada momento em que ouvir, dançar, sonhar, ler, escrever se tornam obrigações e não o que necessariamente desejaria fazer.
Morro lentamente por que me transformei em um escravo de tudo, do mundo, do viver. Repetindo diariamente todas as funções, emoções e gestos.
Morro lentamente por ter medo de mudar, de arriscar e/ou de apenas ser eu mesmo. E continuo a morrer, reclamando da vida, de tudo, de todos, da sorte.
Morro lentamente, vagarosamente, incessantemente, desesperadamente, insuficientemente, mas morro e sigo a morrer. E nessa necessidade disfarçada de morrer e/ou mesmo de matar o que sou para nascer como quero ser, almejo ser, desejo ser, vou esquecendo que nem a morte é tão simples quanto o simples fato de não respirar.
E concluo que nem morrer lentamente me é permitido e assim decido viver, já que o morrer não me cabe.

Inspirado no texto de Pablo Neruda “Morre lentamente”.

Por Lila Nogueira.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sonho.

As definições para sonhos são diversas. Para a ciência é uma experiência de imaginação. Em contra partida, para distintas religiões e culturas, aparece revestido de poderes premonitórios e/ou até uma expansão da consciência. Enfim, por mais que tente-se descrever, impor significações e explicações, o sonho é de uma exepcionalidade irreal. 
Hoje, eu tive um sonho. 
Não que isto seja algo que aconteça raramente comigo, todavia, o sonho de hoje me deixou entrigada. 
Sonhar e ter a sensação de que fora tudo real, não é uma característica que só eu possua, mas o meu sonho foi assim. Misturas de acontecimentos, ansiedades, reencontros, perdas, calmaria e desespero.
Um sonho de fato, paradoxal. 
Talvez, a indignação de perder um amigo querido tão cedo, tenha influenciado o meu sonho.  
Talvez, por não ter conseguido me despedir e lhe dizer o quanto sua amizade era essencial, me revolte e entristeça.
Talvez, lembrar dos momentos divertidos, marcantes e únicos ao seu lado, me tranquilize e me alegre. 
Talvez, meus sonhos com ele seja uma forma de despedida, aquela que não chegou a existir. 
Talvez, o meu sub consciente o recrie, sempre,  para que de alguma forma ele sempre se faça presente, para que ele nunca deixe de existir, de me fazer rir. 
Talvez, seja só imaginação, loucura da minha mente, uma forma de diminuir o imenso vazio que sua falta me faz.
Talvez... 
Talvez, me faltem palavras para descrever tal experiência. 
Só sei, que tudo findou, e eu voltei a "realidade", após um grito.

Por Lila Nogueira.